Posso dizer que me sinto culpada por apenas ter começado a recordar e a disfrutar mais de ti filha só após 2 anos de teres nascido. Estes 2 primeiros anos foram muito dificeis para a mãe. Quase que me sentia impossibilitada de te amar. Mas eu queria tanto ser a mãe que tu merecias e aos poucos a mãe foi conseguindo pôr a raiva e a ansiedade de lado e começou a sentir-se mãe na verdadeira essência da palavra. Não é à toa que este espaço que outrora (ainda antes de nasceres) fora tão dedicado a ti, estava como que adormecido. Um dia teremos muito que falar e eu chorarei baba e ranho abraçada a ti. Eu desejei-te mesmo sem seres planeada para um dia puxarem-me o tapete de rosas debaixo da mãe, e aí o nosso mundo deu uma volta de 180º. Mudamos de residência e ficamos longe do papá. Sem a ajuda do papá, apenas umas conversas no telemóvel na esperança que em breve estivessemos os 3 juntos novamente, a mãe estava dividida entre ser mãe, ser mulher e ser companheira. A mãe teve que enfrentar a dura realidade que "um filho muda tudo" sozinha. Por momentos quando te tinha adormecida no meu colo, sentia o teu calor e o teu amor a crescer, e sabia que um dia as coisas melhorariam.
Hoje ainda nem tudo se resolveu mas estamos juntos em familia e amamo-nos em familia, independentemente do veneno que nos circunda. Tu felizmente ainda não te apercebes deste veneno que por vezes nos corroi, e espero que se mantenha assim por algum tempo.
É por tudo isto que a mamã sente a necessidade de te dizer repetidas vezes ao longo do dia que te ama, e uma vez mais ao te deitar. Desculpa filha se por muitas vezes não soube ser mãe.